Que tempos estranhos aqueles em que, ao cometer um erro na informação, você já se sentia mal. Existia o receio de informar errado. Colhiam-se dados com a máxima precisão possível, e no menor espaço de tempo, para que a notícia não ficasse velha. Mas não se podia inventar nada, muito menos passar adiante coisas fantasiosas. Uma chatice!
Era uma verdadeira competição. Quem chegava antes, pegava a melhor fonte, discernia melhor o momento, analisava o contexto, e escrevia com mais clareza. Trabalheira só.
E as pessoas, como eram chatas naquela época. Só queriam ler, ouvir e assistir o que realmente acontecia. Não tinha graça alguma, porque nem mesmo era possível incluir fotos mais fortes, pela corrente que existia na época, a do tal "bom senso".
Pois é. E tem uns loucos, antiquados, meio reacionários, que ainda fazem isso. Dá para acreditar?
Sim, um pessoal do jornalismo. Imaginem? Gente que estuda anos, pasmem, só para dar notícias... Coisa que qualquer um pode fazer, porque é só copiar daqui, colar ali, e repassar. Aliás, hoje, no mundo digital, eu sou o meu jornalista. Posso me informar, e posso até mesmo informar aos outros, porque tenho acesso livre às notícias, em nível mundial.
Acesso às notícias? Será?
Não. Não tenho mesmo. O que tenho em abundância são, na melhor das hipóteses, informes, embriões de notícias, mas na grande maioria das vezes, nem isso.
E nove entre 10 disso que se intitula "notícia", nada mais é do que a velha e conhecida mentira, hoje chamada elegantemente de fake news.
Perde-se tempo com estas bobagens. Enche-se a cabeça com coisas sem o menor sentido, distantes da realidade. Falcatruas que alguém, com tempo de sobra, produz para quem também não dá valor ao seu tempo, que, diga-se, hoje, vale mais do que dinheiro.
Afora a sanidade, que vem sendo implacavelmente ameaçada por essa onda de "notícias" sobre tudo e sobre todos, que chegam a ofender aos padrões mínimos de inteligência, mas que estão aí, cada vez mais presentes.
Deturpações, insinuações, montagens, dramatizações descabidas, maldosas e ofensivas. Tudo para roubar o seu e o meu tempo, fazendo do nosso dia, um vazio cheio de nada.
Isso não é fato, não é acontecimento, então não pode ser notícia. Isso é mentira, travestida de informação. Deve, sim, ser combatida, para que, aos poucos, volte ao seu lugar. Volte a ser insignificante, desdenhada, até virar motivo de deboche. Ela, a mentira, e não seus alvos. Desta forma, atacada, ela se esconde, porque essa é a tática do mentiroso. E dará espaço à verdade.
Sim, a verdade nos dá a chance de análise, de escolha, e de discernimento. Coisa que a mentira não nos dá. Por isso, o "fora fake news" vem ganhando corpo na sociedade do mundo são. Para que sobre lugar e tempo para ler, ouvir e assistir à verdade.
Quem valoriza o seu tempo prefere a imprensa, pelo simples fato de ser responsável pelo que veicula. Pelo que acerta e por seus erros. Como nos velhos tempos.
Jornalista? Não, leitor.